Chile Wine Experience em Setembro

A MS Viagens, em parceria com a Alta Gama, lança um roteiro exclusivo por renomadas vinícolas chilenas nos arredores de Santiago de 7 a 11 de setembro de 2016.
A viagem inclui os vales de Maipo, Aconcágua e Casablanca explorando diferentes terroirs.
Visitas técnicas, degustações de vinhos e almoços harmonizados nas vinícolas estão incluídos na experiência.
Temas como viticultura biodinâmica, métodos ancestrais de vinificação, pesquisa de terroir e microvinificações serão contemplados durante as visitas.
O roteiro completo pode ser solicitado via email: msviagens@msviagens.tur.br
Chile Central Set2016

VIGNO – o novo grande vinho chileno

Chile, país tão estreito e cercado de barreiras naturais que preservam a biodiversidade de ameaças externas, orgulha-se de ser um dos únicos territórios do mundo livre de filoxera. Possui uma formação geológica única, lentamente esculpida pela ação dos fenômenos naturais que literalmente sacodem o país. Terremotos e erupções vulcânicas são responsáveis por um grande mosaico de solos – aluviais, coluviais, ricos em granito – onde as videiras se assentam e crescem com vigor.

As barreiras naturais – Atacama ao norte, Patagônia ao Sul, Pacífico a oeste e Andes a leste – protegem a biodiversidade chilena e ao mesmo tempo representam desafios. O território cultivável, que corresponde a cerca de um terço da extensão do país deve ser aproveitado ao máximo. Os vales nortenhos de Elqui e Limarí, cuja qualidade dos vinhos é notável, têm sofrido gradualmente com a escassez de água. Vizinhos ao Atacama, o deserto mais árido do mundo, ditos vales vêm sua capacidade produtiva limitada e comprometida pela falta d’água necessária para irrigação dos vinhedos.

Já no sul, o panorama é animador. Vales que tiveram importância histórica na época da colonização hispana, como Maule e Itata estão ganhando investimentos e valorização. A disponibilidade de água faz que com que em muitas áreas o manejo do vinhedo seja feito sem muita interferência humana. As plantas parecem gostar das condições das terras austrais e produzem por décadas, podendo alcançar facilmente um século de vida.

Os terremotos severos que sacodem o país esporadicamente parecem levantar os ânimos dos chilenos para replantar, reconstruir e seguir produzindo suas maiores riquezas, vindas da terra. Em 1939, um severo tremor com epicentro próximo a Cauquenes a 400km ao sul da Capital Santiago, no Vale do Maule, motivou a posterior plantação de vinhas de Carignan próximas a cordilheira da costa. Com o intuito de aportar mais cor, corpo e frescor ao tradicionais tintos pipeños feitos da uva criolla País, trazida e difundida pelos jesuítas três séculos antes como parte da sua missão colonizadora.

Maule VIGNO

Localização geográfica do secano interior do vale do Maule

Por razões desconhecidas estes vinhedos são esquecidos, talvez ofuscados pelo fama dos vales de Colchagua e Maipo e seus tintos intensos das populares e comerciais uvas Cabernet e Merlot que, em conjunto com a Carmenére, predominam nas garrafas dos tintos chilenos.

Mais de setenta ano mais tarde, em 2010, outro severo cataclismo assola terras Maulinas e parece chamar a atenção dos produtores que “redescobrem” na região vinhas já velhas de Carignan produzindo com vigor, sem condução, poda ou irrigação, plenamente adaptadas às condições do terroir que lhes foi regalada.

Surgi então uma associação de produtores que decidem dar a Carignan o seu merecido valor. E configura-se, curiosamente, a primeira denominação de origem chilena com imposições claras de cultivo, manejo e vinificação: a VIGNO – Vinhateiros de Carignan, que hoje conta com quinze produtores.

As regras para elaboração de um VIGNO são bem definidas. As uvas devem ser provenientes de vinhas da região demarcada conhecida como Secano Interior do Maule, sem irrigação. Os vinhos devem conter o mínimo de 65% de Carignan de vinhedos de trinta anos de idade ou mais, plantadas no antigo sistema de “cabeza” – um arbusto, apelidado de “vaso” pelos espanhóis e “gobelet” pelos franceses. Os demais 35% do corte fica a livre escolha da vinícola segundo o estilo de vinho que queira produzir. O mesmo vale para o tempo de maturação, de 24 meses, entre barrica e garrafa, ponderados segundo critério do produtor.

Carignan

Vinhas velhas de Carignan em sistema de vaso

A qualidade alcançada com os vinhos da VIGNO é surpreendente e tem ganho cada vez mais espaço no cenário do vinho chileno. Vinhos de cor e aromas frutados intensos, encorpados, suculentos e persistentes no paladar. Tintos para a mesa, com personalidade e potencial de guarda. Para fugir do lugar comum dos típicos cortes do Vale Central, da próxima vez prove um tinto de Carignan. Você se surpreenderá.

Sugestão de VIGNO excelente: VIGNO by Viña Roja (RE, Pablo Morandé)

vigno viñaroja

Aromas de grafite, groselha preta. No paladar sabor frutado intenso, encorpado, suculento, de ótima acidez. Um grande tinto para a comida.

Uruguay além-tannat

A varietalização – termo que uso para evidenciar o trabalho dos países sul-americanos em se promover sustentados no êxito de vinhos de uma única uva – tem seus prós e contras.

Nossos vizinhos do Mercosul – leia-se Argentina, Chile e Uruguai – souberam se posicionar num mercado competitivo de vinhos usando esta estratégia. Apostaram e adotaram variedades de uva que antes entravam timidamente em vinhos de corte de famosas regiões francesas, tornando-as protagonistas de seus vinhos. Foi o que aconteceu com a Malbec na Argentina, a Carmenére no Chile e a Tannat no Uruguai.

Atualmente o consumidor, por mais leigo que seja, já associa rapidamente a escolha certa de um bom vinho dos países Hermanos a estas uvas. Mérito merecido já que tanto Argentina quanto Chile e Uruguai têm elaborado vinhos muito bem feitos que demostram – em maior ou menor grau – a tipicidade destas variedades e seu potencial enológico. Potencial inclusive maior que nas regiões de origem destas uvas, o sudoeste francês.

No entanto, viciar o consumidor em comprar somente vinhos destas cepas acaba negligenciando o potencial vitivinícola destes países.

Bonarda_Marca

Entidades de classe do vinho argentino lançaram recentemente a marca Bonarda, buscando valorizar e promover os vinhos desta que é a segunda uva tinta mais plantada no país

A Argentina parece já ter se dado conta disso. Temendo que o crescimento do consumo de Malbec mundo afora talvez não passe de um modismo, tem desenvolvido estratégias de comunicação e promoção de outras uvas que também produzem resultados surpreendentes no país do tango: a branca aromática Torrontés e a tinta Bonarda. Ambas fáceis de se gostar e beber estão, aos poucos, ganhando espaço nas prateleira e abocanhando uma fatia das exportações do país.

Já o Chile gaba-se da redescoberta da Carmenére, considerada extinta até vinte anos atrás, tornou-se um país sinônimo desta uva. Mesmo que ela não seja a mais plantada – superada pela Cabernet Sauvignon e Merlot – ou tampouco produza os melhores tintos do país. O grande volume do Carmenére lá feito não representa, a meu ver, a qualidade do vinho chileno. Cabernets, Carignans, Pinot Noirs e Sauvignon Blancs dão resultados muito mais interessantes e consistentes. Mas o consumidor brasileiro foi levado a acreditar que a melhor opção é a Carmenére. Ledo engano.

O mesmo acontece com o Uruguai, que se promove como o lar adotivo da Tannat. Feira realizada em diversas capitais brasileiras, o Tannat Tasting Tour foi uma ação da Wines of Uruguay com o objetivo de reforçar a imagem do país como um grande produtor desta casta. Entre dezenas de provas no decorrer da feira, confesso que os vinhos mais interessantes que degustei não foram os típicos tannats, vendidos como grandes portadores de resveratrol, dada a abundância de taninos no vinho.

A feira do Tannat revelou um Uruguay com grande potencial para outras uvas além da Tannat. Albariños e Sauvignon Blancs roubaram a cena.

Melhores foram os fresquíssimo e aromáticos vinhos brancos de Albariño e Sauvignon Blanc que demostraram que o Uruguai é uma terra produtora de belos brancos. E dentre os tintos provados, os Tannats “atípicos”: fluídos no paladar, sem excessos de taninos, corpo ou carvalho, foram os mais surpreendentes.

Tornar-se refém de uma única variedade de uva pode ser arriscado ou até monótono depois de um tempo. Promover-se apoiado na diversidade de uvas e estilos de vinhos pode ser mais adequado. O caminho a se seguir após ter mostrado ao mundo ser um país experto em produzir um varietal. Nossos vizinhos tem competência e qualidade para superar esse obstáculo. Salud, hermanos!

Reinventando Chile

Chile demonstra ser um dos países vitícolas que mais tem se reinventado nos últimos anos. As regiões vinícolas chilenas se expandiram além do tradicional vale Central e novos vales passam a ganhar protagonismo no cenário nacional. Da mesma forma, uvas pouquíssimo conhecidas ou valorizadas estão tornando-se estrelas do novo vinho chileno.

Há cerca de duas décadas, a vocação chilena para vinhos parecia estar resumida a tintos potentes de Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenere, com suas típicas notas herbáceas e mentoladas. Pouco tempo depois o Chile mostrou ao mundo que seus vales costeiros são o habitat ideal para variedades de uva de clima frio como Chardonnay, Pinot Noir e Sauvignon Blanc. Vinhos de belíssima acidez, exuberância aromática e mineralidade, tornando-se referencias mundiais.

Incansáveis, os chilenos souberam superar adversidades da natureza como terremotos que abalaram este estreito país de forma severa e rapidamente se reconstruíram. E se renovaram. A começar pelas fronteiras cultiváveis do país que cada vez mais se distanciam – sentidos norte e sul – da capital Santiago. Vales que até então eram focados na produção de uvas pisqueiras ou para vinhos de mesa hoje estão sendo revalorizados e cada vez mais almejados por produtores locais.

Ao norte, o vale do Limarí, com seus solos calcários e forte influência marítima, está originando brancos vibrantes que vão demonstrando complexidade a medida que envelhecem. Ao sul, o vale do Itata com cerca de dez mil hectares plantadas também passa por um processo de revalorização, produzindo surpreendentes vinhos feitos a partir da tinta Cinsault, pouco comercial, que ganha versões varietais em tintos e rosés, além de saborosos brancos secos de Moscatel de Alexandria.

GonzalesBastiasDestaque também para as videiras centenárias da uva País, chilena por adoção e pouquíssimo difundida internacionalmente. A uva deixou os bastidores e passou a ser a base de projetos de enólogos criativos que hoje produzem vinhos cultuados por sommeliers e enófilos. Tanto pela originalidade dos caldos quanto pela versatilidade no momento da harmonização. Vinhos fluídos, de bela acidez e curiosos aromas condimentados que lembram curry, como o do projeto boutique da Viña Artesanal Gonzales Bastias.

Outro exemplo bem sucedido deste trabalho de resgate são as vinhas velhas de Carignan, plantadas na metade do século passado no interior do extenso Vale do Maule. Através do projeto batizado “Vigno – Vignadores de Carignan”, doze vinícolas chilenas – entre elas De Martino, Undurraga e Morandé – buscam envidenciar esse patrimônio chileno até pouco ignorado. O resultado são tintos com ricos aromas a frutas silvestres, muito equilibrados e redondos no paladar. Vinhos suculentos, provam que vale a pena sim ousar, reinventar-se, buscar o novo mesmo que isso signifique resgatar tradições outrora esquecidas.

Vigno

Não somos Pamela Anderson

Estive há pouco tempo em uma degustação de vinhos da Demartino – vinícola da qual já falei a respeito antes – que me chamou a atenção por produzir um vinho de Cinsault fermentado em ânforas de argila no remoto vale chileno do Itata.

A degustação, guiada pelo gerente comercial da vinícola Cristian Castro, começou de forma inusitada e criativa. No telão, foram projetadas imagens de duas atrizes famosas na mídia norte-americana: Gwyneth Paltrow, esbelta e elegante num vestido longo azul no tapete do Oscar e Pamela Anderson, no seu habitual maiô vermelho – que evidencia o tamanho dos seus seios – usado na série de TV que a consagrou, Baywatch.

A analogia, divertida e irreverente, foi usada para explicar a filosofia dos vinhos da vinícola fazendo um paralelo entre elegância e potência. Ele foi enfático ao dizer: “Nós não somos Pamela Anderson. Nossos vinhos privilegiam a elegância, não a potência ou o exagero.”

Risos a parte e respeitando o gosto de cada um – para mulheres e para vinhos – tenho que admitir que prefiro a elegância também. Vinhos muito potentes em um primeiro momento podem impressionar mas cansam o paladar rapidamente. Lembro bem de quando aprendi a gostar de vinhos. Tudo em excesso era mais perceptível e portanto, atraente. Com o passar do tempo fui percebendo que os melhores vinhos eram aqueles sutis, elegantes e fluídos, ou como muitos enólogos costumam dizer, “vinhos verticais”.

Num cenário onde gigantes como Concha y Toro e Santa Carolina dominam o mercado chileno e ditam o estilo dominante do vinho no país acredito que esse seja o melhor caminho a se seguir. Cada vez mais tenho observado a preocupação das “minorias” chilenas em produzir vinhos equilibrados, redondos e elegantes. Sem muita maquiagem enológica ou exageros de álcool, extração e madeira para impressionar o consumidor.

Espero que os novos projetos vinícolas Chile privilegiem mais o “estilo Gwyneth Paltrow” de fazer vinhos como a Demartino. A seguir, trechos de uma pequena entrevista feita com Cristian após a degustação:

Que variedades de uva vocês cultivam atualmente?

Trabalhamos com quatro variedades brancas: as clássicas Sauvignon Blanc e Chardonnay além de Viognier e Moscatel. E as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere, Malbec, Syrah e mais recentemente Petit Verdot, Petit Sirah, Cinsault e Carignan.

Depois de ter explorado 347 vinhedos em diferentes regiões no Chile, ainda há algum novo vale a ser descoberto?

Sempre, sobretudo pelo aquecimento global. Como temos problema de falta de água no Chile, as pessoas estão começando a olhar para o sul do país. Acredito que lá surgirão novas explorações vinícolas.

Qual foi o maior desafio que vocês tiveram na implantação de vinhedos em zonas tão remotas nos extremos norte e sul do país?

Uma grande dificuldade que temos na implantação de vinhedos no norte do país, como nos vales do Elqui, LImarí e Choapa é a falta de água. Já no sul, onde temos água em abundância, temos que controlar o nível de humidade do solo e a carga produtiva das videiras para poder obter uvas com concentração para um vinho de ótima qualidade.

Como surgiu a ideia de trabalhar com variedades de uvas que não são tradicionais chilenas ou que não tenham um apelo comercial como a Cinsault e Carignan?

Esta é a filosofia da nossa vinícola. Buscamos fazer vinhos gastronômicos e que não sejam o típico vinho chileno. Nosso slogan é “Reinventando Chile”. Não buscamos fazer apenas o clássico Cabernet, Merlot ou Syrah, mas apostamos em uvas novas no cenário chileno que produzam vinhos gastronômicos como a Carignan, Cinsault e Petit Sirah.

E sobre o resgate de métodos ancestrais de vinificação como o usos de ânforas de barro para fermentação?

Foi muito interessante, essa ideia surgiu em 2010, quando praticamente todo vinho chileno reserva e gran reserva tinha passo por barricas de carvalho novo. Decidimos então reinventar e usar outros recipientes como os fudres (grandes tonéis de madeira) e mais recente essa linha em ânforas buscando justamente diminuir a influencia do carvalho no vinho e poder assim, expressar a tipicidade clássica de cada uva e do solo da região.

Vinhos degustados. Mineralíssimo e delicado rosé de Cinsault e Sauvignon Blanc fantástico com 7 anos de idade foram os destaques.

Vinhos degustados. Mineralíssimo e delicado rosé de Cinsault e Sauvignon Blanc fantástico com 7 anos de idade foram os destaques.

Qual é o seu vale preferido no Chile?

O Vale do Limarí, pela complexidade do solo. É um solo muito calcário, com uma quantidade alta de sais minerais, que impacta muito na mineralidade dos vinhos brancos como o Chardonnay.

 Se hoje você tivesse que escolher um vinho da De martino para levar consigo a uma ilha deserta, qual seria?

É uma pergunta difícil, mas acho que levaria o Legado Syrah Gran Reserva do Vale do Choapa, uma região de solos formados por ação de terremotos, que permitem produzir um syrah muito elegante e mineral.

Se você fosse uma uva, qual seria e por que?

(Risos) deixe-me pensar… acho que seria uma Merlot, uma uva fácil de trabalhar, que suporta adversidades de clima e ainda sim consegue níveis de açúcar interessantes. E como me considero uma pessoa de caráter mais fácil, mais dócil, acho que seria uma Merlot.

É dia de feira

Dia daqueles de que eu gosto, dia de feira de vinhos, de provar de tudo e cuspir, é claro, para não se embriagar, deixando sempre para bebericar aquilo que realmente vale a pena nos quinze minutos finais…

Entre taças que brindam, camisas que se mancham e sorrisos com dentes roxos, é possível encontrar vinhos surpreendentes, vinhos novos e `as vezes até algum vinho defeituoso com sabor a rolha. Prova-se um vinho daquela uva que você tinha lido uma vez em algum livro mas nunca tinha experimentado. Encontra-se o vinho daquela região que você sempre teve curiosidade de conhecer ou daquela outra de que você nunca tinha ouvido falar. Caminha-se alguns passos mais pelos corredores do pavilhão e a situação se repete…

Digo que nessas horas sofro de distúrbio de atenção, e todas as vezes que vou a esta feira pareço criança em loja de brinquedos `as vésperas do Natal. Durante três dias do ano, quatro horas por dia, em São Paulo, tenho a difícil tarefa de provar, provar e escolher o que provar frente a enorme quantidade de rótulos disponíveis.

São mais de 400 expositores  de todo o mundo: África do Sul, Chile. Argentina, França, Portugal, Brasil e muito outros, reunidos na EXPOVINIS, a maior feira de vinhos da América do Sul.  Este ano em sua 16ª edição, realizada entre 24 e 26 de abril, recebeu, segundo dados oficiais, cerca de 19.000 visitantes.

Numa feira grande como essa, o importante é ter foco e estabelecer uma mínima ordem do que se provar para não virar uma bagunça de sabores na sua boca. Por exemplo: começar com espumantes e vinhos brancos e logo passar aos tintos para finalmente terminar nos doces. Um vai e volta de vinhos muito diferentes atrapalha nossa percepção.

A parte enriquecedora é conhecer pequenos produtores apaixonados pelo vinho que lhe explicam com tanta clareza que lhe abrem a mente e lhe fazem aprender algo novo. Improvisar uma saudação ou tentar falar algo no idioma do produtor pode ser bom, as possibilidades de que ele lhe sirva aquela garrafa exclusiva que ele tem separada são maiores.

O interessante é sempre ir atrás de coisas novas, para estar a par do que se tem feito por aí. Algumas coisas que chamaram minha atenção:

  • Os perfumados e fresquíssimos Chenin e Sauvignon Blancs da África do Sul, dos produtores Boschendal e Belligham, o que demonstra que eles não vivem só  de pinotage.
  • A clássica mistura de Chardonnay e Pinot Noir, então conhecida como base de espumantes e champagnes pode ser provadas em versões de vinhos brancos e roses secos, como a da Bodega Marichal uruguaia.
  • Os tintos piemonteses da denominação de origem Roero, para aqueles que querem provar um Nebbiolo mais jovem, bom e barato, sem precisar gastar muito com um Barolo.
  • O aromático e untuoso Alvarinho brasileiro, lançamento da linha Quinta do Seival Castas Portuguesas, da Miolo.
  • Os delicados e cremosos espumantes roses feitos de Cabernet Sauvignon, plantada a 1200 metros de altitude da Serra Catarinense, dos produtores Suzin e Sanjo.
  • O saboroso Bonarda Emma da Família Zuccardi, tradicional vinícola argentina que aposta em outros varietais (não só Malbec) e os faz muito bem.
  • Os projetos de pesquisa de terroir como o Terroir Hunters da chilena Undurraga que lançou três Sauvigon Blancs de três regiões vizinhas porém distintas, buscando as sutilezas que distinguem zona.

Ficou com vontade? Ano que vem tem mais. A feira é realizada sempre na última semana de Abril, durante três dias, no Expocenter Norte, próximo ao terminal Tiete, na zona norte de São Paulo. As datas do próximo evento estão disponíveis no endereço abaixo. É possível se cadastrar e receber informações antecipadas sobre palestras e credenciamento: http://www.exponor.com.br/expovinis/

Texto adaptado do publicado originalmente na Revista Vinícola ed. jun/jul 2012.